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Postagem por: sashapbra - 16/02/2021
Relato de parto

Antes de dar à luz, eu nunca entendi o porquê das mulheres terem tanta vontade de compartilhar sua história de parto. Eu achava que não iria querer compartilhar a minha com o mundo porque isso deveria ser uma experiência muito pessoal.

E então eu dei à luz.

Mesmo realmente sendo a experiência mais primitiva, íntima e pessoal, eu finalmente entendi o porquê das mulheres quererem falar sobre isso.

E antes de me aprofundar, quero deixar claro…

Cada mulher tem uma ideia diferente do que desejam para o seu parto. Porque há tantas opiniões e mães envergonhadas por aí, eu acho que é importante lembrar que não importa como alguém que está do lado de fora vê isso…Até porque não são eles que estão tentando tirar um humano do tamanho de um melão de sua vagina, você que está. Não importa se você quer anestesia, cesárea ou encaram o parto natural, não existe uma escolha errada, pois a escolha é exclusivamente sua. Independente disso, não importa o quão tranquilo seja, nenhum parto é exatamente como o esperado…O meu com certeza não foi.

A minha ideia de dar à luz era ser tudo o mais natural possível. Minha mãe fez isso e eu também queria fazer. Eu tenho uma alta tolerância a dor e passei meses praticando minha respiração e aprendendo a acalmar meus músculos. Eu pesquisei em TODOS os lugares, mesmo sempre entendendo que o trabalho de parto é imprevisível. E no final do dia, o meu bebê estar saudável é tudo que realmente importa.

Há alguns inimigos quando você tenta o parto natural:

  1. Pitocina — A pitocina provoca contrações muito mais fortes e mais próximas e, sem uma epidural, é impossível lidar com a dor por horas a fio. As estatísticas mostram que a Pitocin também costuma levar a uma cesariana.
  2. Tempo — Se o seu corpo não progredir no tempo do hospital (o que é muito comum para mães de primeira viagem.)
  3. Induções — Seja por motivos médicos ou pelo médico não querer ir até uma certa semana da gestação…de qualquer jeito, isso pode fazer o parto ser mais difícil porque agora você terá que ir contra o número 1 e 2.

Há outros inimigos do parto natural, mas não mencionarei eles porque são mais baseados em opiniões e circunstância do que em fatos.

No meu caso, eu estava uma semana depois do prazo (41 semanas de gravidez), então a minha obstetra/ginecologista queria que eu passasse por uma indução nesse final de semana. Ela sabia que eu não queria ser induzida por medicamentos, então ela ofereceu fazer uma varredura de membrana, na esperança de que isso me induziria a entrar no trabalho de parto naturalmente. Mesmo que a varredura de membrana seja uma forma de incitar o parto naturalmente, isso ainda acontecerá antes do seu corpo querer. Porém, eu optei por tentar a varredura de membrana, pois pensei que seria a melhor opção naquela hora. E bem, funcionou.

A minha bolsa rompeu 36 horas depois às duas da manhã.

Nessa hora, eu estava em êxtase, porém uma coisa estava clara…Eu já estava cansada. Tínhamos ido para cama há apenas duas horas e não estava nem perto de ter recuperado toda a energia que eu precisava para passar por essa jornada. Nossos instintos nos avisaram para ficar em casa até as contrações ficarem mais fortes, porém as preocupações dos médicos nos assustaram. E era nosso primeiro bebê, então decidimos fazer o que seria mais seguro e ir para o hospital imediatamente…Erro número 2.

Passamos duas horas na triagem antes de nos levarem para a sala de parto. Nessa hora, eu estava com 5cm de dilatação, o que parecia ótimo, até porque isso significava que estava na metade do processo! Minhas contrações eram leves, com alguns minutos de distância e eu estava me sentindo bem. A enfermeira nos informou que queriam que meu parto acabasse em até 24 horas, porque os ricos de infecção aumentam com o passar das horas. Mas ela estava confiante de que eu estaria segurando meu bebê muito antes disso. Cinco horas depois, o médico chegou e eu ainda estava com 5cm, o que foi um pouco desencorajador. E então sete horas se passaram e eu não tive progresso algum. Mais algumas horas depois minhas contrações estavam um pouco mais intensas, porém ainda não havia tido progresso, infelizmente.

Então chegamos em 16 horas de parto e eu alcancei os 6cm, não estava nem perto de onde deveria estar. Eu podia ouvir o barulho do relógio. Estávamos exaustos e eu estava na defensiva porque a palavra pitocina começou a ser dita pelo médico e enfermeiras. Na hora 18, ainda sem progresso, eles começaram a falar mais sério sobre introduzir pitocina em uma dose baixa, para que meu corpo começasse a se mexer, achando que eu só precisava de um empurrãozinho.

Não queríamos desistir, mas eu sentia a pressão de chegar na marca de 24 horas. A última coisa que eu queria era uma cesárea desnecessária. E como eu estava lidando bem com as , contrações, concordamos em receber a menor dose de pitocina. O que não sabíamos é que eles estavam planejando aumentar a dose a cada 30 minutos. Eu imediatamente senti a mudança de frequência e intensidade no meu corpo com as contrações. Eu estava lidando incrivelmente bem com isso, porém o tempo passou, as doses aumentaram, e a falta de sono se intensificou, tudo isso começou a pesar em mim.

Decidi tentar um banho quente para ver se ajudaria meu desconforto, e ajudou, por um tempo.

Na hora 21, minhas contrações estavam muito intensas e quase não tinha mais descanso entre elas. Não conseguia mais ficar no banho e saí, mas não antes da minha enfermeira dizer que sabia que eu estava perto por conta da minha expressão. Gostaria que ela não tivesse dito isso. Eles olharam de novo, e você já deve imaginar, nenhum progresso. Isso me quebrou. Eu estava tão frustrada que meu corpo não estava cooperando. Eu fiz minha posição favorita de yoga com a bola. Nessa hora, eu estava delirando…Eu estava adormecendo nos 25–35 segundos de pausa entre as contrações e comecei a sentir uma dor insuportável, repetindo isso por uma hora e meia, ou mais. Conforme a Pitocina aumentava, a intensidade da contração disparava

Meu marido, sendo a incrível pessoa que ele é, finalmente mandou que parassem de colocar a pitocina no meu organismo e me deixassem descansar, mesmo que só por um tempinho. Eu tentei dormir, porém com as constantes visitas dos médicos e insuportáveis contrações, era impossível. E para piorar tudo, eu só tinha 7cm. Nessa hora, todos estávamos frustrados. Minhas contrações chegaram em seu auge, sendo uma dor insuportável e sem pausa entre elas. E assim, estávamos na hora 24. E então a palavra epidural começou a aparecer, porque queriam introduzi-la com doses ainda maiores de pitocina, para que meu corpo chegasse no estágio final o mais rápido possível.

Eu disse que de jeito nenhum queria epidural.

Mesmo que eu aguentasse mais algumas horas com doses maiores de pitocina sem a epidural, eu ainda não teria energia para empurrar, o que provavelmente resultaria em uma cesárea.

Eu decidi que preferia a epidural e ter a possibilidade de dar à luz pela minha vagina. Minutos depois eu recebi a epidural e pude descansar.

Eu tirei um cochilo de uma hora e meia, pelo qual sou extremamente grata.

Aos poucos comecei a sentir uma pressão intensa.

Finalmente! Eu estava com 10cm e pronta para empurrar. Empurrar foi a parte mais fácil do trabalho de parto (para mim.)

10 empurradas e o meu lindo garotinho estava comigo.

Graças a Deus. Meu trabalho de parto teve um total de 27 horas e 39n minutos.

Eu estava sentindo tantas emoções. Eu estava com medo dessa pessoa que é metade eu e metade o amor da minha vida. Porém em um momento que eu deveria estar repleta de alegria foi preenchido por estresse, raiva, exaustão, tristeza e frustração. Eu gostaria de poder dizer que não senti todas essas emoções, mas eu senti. Novas enfermeiras foram para o meu quarto um pouco antes da hora de empurrar e, infelizmente, elas não estavam inclusas no meu plano de parto. Um pedido final foi não limpar o biofilme vernix caseosa (um hidratante natural cremoso branco deixado na pele de um recém-nascido) dele. Antes que eu pudesse dizer não, a enfermeira o limpou e eu fiquei arrasada. Tantas coisas não aconteceram como eu esperava, e então algo tão simples também foi tirado de mim. Eu só queria ficar sozinha com meu marido e meu bebê.

Nós fomos empurrados para um outro quarto, em que teríamos que passar outra noite.

Quando estávamos finalmente sozinhos, nós desmoronamos e choramos. Tanto lágrimas de alivio, quanto de tristeza. Dar à luz é uma montanha russa de emoções não importa como aconteça, porém sentir que você está lutando contra aqueles que então tentando te ajudar torna as coisas ainda mais difíceis.

Para esclarecer, não estou mandando ódio para nenhum médico, enfermeiro ou para a medicina ocidental.

Eles foram todos muito agradáveis e acabamos chegando no mesmo resultado, apenas com a diferença de como chegamos lá. Eles também têm outras pressões…Eles não querem ser processados. Por exemplo, se o meu trabalho de parto chegasse a mais de 30 horas e eu recusasse ajuda médica e então tivesse uma séria infecção, que acabasse causando perdas trágicas, o hospital poderia ser processado por não ter impedido isso. No final do dia, ter um parto normal no hospital é muito incomum, o que me devasta. Estatísticas mostram que 40% dos partos são induzidos e 71% deles envolvem epidural ou algo do tipo, e 21% acaba em cesárea.

E nada disso é ruim se for o que você quer, porém quando não é, o resultado é devastador.

Eu sinto que me roubaram o parto que eu queria. Não foi sobre a dor ou o quão longo foi. Eu faria isso de novo e de novo, até com mais 28 horas, se isso significasse que eu não teria que usar pitocina. Mulheres dão à luz há séculos sem qualquer intervenção, e mesmo sendo inacreditável o que médicos podem fazem se houver algum problema, eu não acho que mulheres e nossos corpos recebem o crédito que merecem pelo trabalho que podem fazer sozinhas.

Eu não tive nenhum sinal de infecção, o batimento cardíaco do meu bebê não alterou e não tínhamos nenhuma dúvida da saúde dele ou da minha. Então qual é o problema? Por que eu não podia ser monitorada para que tivessem certeza de que estávamos bem durante a jornada natural do parto invés de ter que correr contra o relógio. Nunca saberei, tudo que eu sei é que não deixarei isso acontecer novamente.

Tudo que eu mencionei anteriormente foram dois erros que eu cometi.

O primeiro foi deixar que me submetessem à uma varredura de membrana e a segunda foi ter ido ao hospital muito cedo. Nos dois casos, eu deveria ter confiado nos meus instintos.

Eu tive uma ótima gravidez e meu bebê esteve bem o tempo todo. Não tive nenhuma indicação de qualquer complicação, então por quê correr com o parto? Meu corpo teria entrado em trabalho de parto naturalmente quando estivesse pronto. Depois do rompimento da minha bolsa, levou um tempo para que as contrações se tornassem visivelmente desconfortáveis e durante todo esse tempo, eu poderia ter estado contente em casa, eu teria esperado na minha casa. Mais uma vez, eu deveria ter confiando nos meus instintos.

Eu quis ir para o hospital porque, Deus me livre, algo acontecesse, eu nunca me perdoaria por não ter tido a ajuda de um médico. Eu ainda não decidi, mas em uma próxima vez, acho que irei para um centro de parto. Verei como me sinto quando for a hora. Agora, eu e meu marido estamos lidando com o pós de nossa experiência. Que é o ciclo completo…O porquê de mulheres precisarem contar sua história.

Não acho que seja necessário contar sua história “para o mundo” se você não quiser, porém acho importante conversar com alguém sobre isso. Porque é um momento em que sua vida muda, não apenas as coisas na sua vida, como a forma como você pensa. De qualquer forma, isso tudo me fez ser mais forte e uma pessoa melhor. Eu aprendi muito sobre eu mesma e pelo que sou grata. Ouvir sua jornada em voz alta ajuda muito no processo de cura e pode ajudar alguém com sua própria jornada. É sobre comunidade. Sem isso, sua tristeza poderia se aprofundar e virar algo muito mais negativo.

Há tantas formas de dar à luz, não deveríamos sentir vergonha das escolhas que fazemos. Eu me senti culpada pelas minhas, por ter desabado, for ter falhado. Porém após refletir, percebi que não falhei, eu fiz o que poderia com as opções disponíveis.

Meu Garotinho é saudável e feliz e isso é tudo que eu poderia pedir. Muitas mulheres não são tão sortudas.

Sou eternamente grata pelas coisas que deram certo.

Sou eternamente grata por eu e meu bebê não termos tido qualquer complicação durante a gravidez e parto. Não tive problemas com a minha epidural, eu ainda senti tudo e não perdi nada enquanto empurrava. Eu quase não rasguei. Tivemos sucesso com o clampeamento do cordão e ainda tínhamos o suficiente para o banco de sangue do cordão. Todos os testes do meu bebê vieram ótimos. Não tive problemas de cura pós-parto. E por último, mas definitivamente não menos importante, tenho um marido incrível que me apoiou o tempo todo. Hudson nunca vacilou durante todo o processo de parto. Ele era meu porto seguro, meu parceiro, meu advogado e, literalmente, meu ombro para chorar. Sem ele, não acredito que teria aguentado tanto tempo quanto aguentei. E sem nenhuma surpresa para mim, ele é o MELHOR pai.

Não tenho a impressão de que meu parto foi mais difícil do que outros. Sei que tenho muita sorte de ter acesso aos cuidados de saúde e, em geral, aos cuidados que recebi. Em comparação com muitas outras mulheres, meu parto foi um sucesso completo. E uma comparação saudável de perspectiva é boa. Mas, esse é o problema de se comparar com os outros. Quando nos comparamos com as experiências e projeções externas dos outros, parece desvalorizar ou invalidar as nossas. É possível ficar chateado e grato ao mesmo tempo. Não tenho vergonha das minhas emoções e se você é como eu, também não deveria ter.

Eu sou a mãe de um garotinho perfeito que mudou nossas vidas radicalmente para melhor.

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Esse será para sempre o final feliz da minha história.

Eu fico muito impressionada se você tiver lido tudo isso e espero que tenha te encorajado a compartilhar sua jornada, tanto para seu próprio benefício, quanto para o de outros. Mulheres são filhas da mãe fortes para caralho e seu me sinto honrada por ser uma delas.

XOXO,

Sasha

DESENVOLVIDO POR lannie d.
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